Não tenho mais um lar
A muitos, muitos anos não tenho um.
Sinto-me, no espaço que habito, como se fora um hóspede
Que não faz a menor diferença estar ali...
Volto , após um dia de trabalho
Para o lugar onde tenho algumas roupas limpas
Uma cama e um chuveiro,
o computador onde trabalho um pouco mais
e onde me sinto querido e importante
Para alguns amigos virtuais.
Que sensação deliciosa era saber
que me esperavam ao pé da escada
Contavam os minutos para minha chegada
”O papai vai chegar”...
Hoje, não me esperam e, se chego ou não
As caras são as mesmas e nada é importante
A não ser o fato de eu ter trazido o pão.
Essa sensação de desamor pesa-me nos ombros
como um fardo que carrego e a cada passo me parece mais pesado
Estou ali, porque ali há um teto
Pago por ele e não posso pagar outro, ainda não.
Ali não é mais meu lar
Minha filha cresceu, mora em outra cidade
E volta como quem vem para uma pensão.
A mulher que tive
Só me tem indiferença e rejeição
Estou ali como um abat jour no canto da sala
Como se fora mera decoração....
Um silêncio escorre triste pelas paredes
E por entre nossos olhares que não se procuram
nem vão se encontrar
Há uma espécie de bolor sentimental crescendo por todos os lados
Dessa casa que já não é mais o meu lar.
MMartins
Janeiro de 2010
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